Bem, o que eu poderia fazer? Eu teria que viver o tal dia do amor. Comecei então me preparar. Coloquei P!nk no último volume, calcei aquela minha bota linda acompanhada daquele vestido que fazia eu mesma querer me pegar. Fui ver o sol.
Sai, tomei um chocolate quente, meio capuccino e ouvi os burburinhos sobre que presente dar, e blá, blá, blá. Vi um ou outro rosto triste, desviando os olhos dos casais apaixonados. Pensei: "eis ali alguém como eu".
Abasteci minha geladeira com todas as guloseimas possíveis, incluindo "água que passarinho não bebe". Marquei na minha agenda:"Sorrir."
Não, não pensei no resto. Eu tinha ainda uma agenda inteira de amigas para ligar. Procurando me entreter, me lembrei que eu tinha muito mais motivos para comemorar o amor que eu imaginava. Ele batia dentro de mim, vazava pelos meus poros. Sorri. Amor é pra vida toda, e isso nem sempre incluiria ter alguém por perto.
No final da minha viagem de pensamentos eu estava até feliz. Eu estava tendo bem mais que sempre quis.
Aquele pensamento:"quem tem sorte é sorteiro" ainda me parecia meio mentiroso e despeitado. Mas, quer saber? Me cabia muito bem.
Camila Lourenço
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