quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Eu quis fazer um texto bonito. Desses que fazem a moça aflita ligar para o ex-namorado pedindo perdão, desses que fazem o namorado sensível aceitar um pedido de desculpas. Desses que unem quem o tempo separou, desses que amarram de vez um casal apaixonado. Eu quis escrever sobre as lembranças, os bichinhos de pelúcia e sobre aquele primeiro chocolate que você ganhou. Eu quis desenhar a lua e as estrelas, confidentes universais de qualquer casal e de qualquer pessoa na solidão. Eu quis escrever sobre aquele lugar em que você o deixou, naquele canto do armário, naquela caixinha de lata ou de papelão. Talvez você seja um pouco mais descarada e esteja no seu mural de fotos ou na pelúcia que ainda está na sua estante. Eu quis lembrar você sobre como era difícil andar abraçados no começo, vocês tropeçavam e andavam como dois patos, mas continuavam porque acima de tudo, vocês estavam juntos. Ele elogiou seus cabelos nos dias em que estava natural e reclamou quando você cortou, lembra? Olhe para sua mão, tão sozinha, um encaixe perfeito com a dele. E por que não falar dos abraços? Particularmente, é a melhor parte. Sentir o corpo todo embalado como debaixo de um cobertor numa noite fria. Eu quis falar dos sorrisos, do carinho e da amizade. E foi tão bom quando tudo deixou de ser só amizade e passou a significar também amor! Infelizmente, quando o amor partiu, levou embora consigo a amizade. Eu quis lembrar das lágrimas, de todos os tipos. Das lágrimas de alegria, das lágrimas de saudade, das lágrimas de dor. Das que ele provocou, das que ele secou, das que ele viu rolarem pelo seu rosto e daquelas que você escondeu para não vê-lo triste. Eu quis escrever sobre aquela noite mal dormida em que você chorou em silêncio para que ninguém ouvisse, com o celular na mão, seja dentro de uma ligação ou a espera de alguma. Não seja tola a ponto de perguntar se ele ainda lembra. As pessoas nunca esquecem, apenas fingem que não se lembram ou olham para trás de uma maneira diferente, guardando uma alegre recordação dos bons momentos, acompanhado de um sorriso no rosto, mas sem vontade de reviver o que passou. Eu quis fragilizar quem o tempo endureceu. Eu quis cutucar o coração insensível e arrogante que finge não sentir nada. Eu quis falar de união, mas a verdade, meu bem, é que tudo é passageiro. Não fique triste, porque tudo o que passa, também fica. Sempre resta um fragmento daquilo que passou, um pedacinho daquela pessoa sempre reflete em ações do presente e do futuro. É por isso que é tão difícil definir o que ficou do passado, o que faz parte do presente e o que continuará no futuro. Estão todos interligados de maneira única e constituem aquilo que você é hoje. Essa é a essência da vida, com seus amores passageiros e amores eternos, alegrias oscilantes e dores alternadas. 



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