domingo, 29 de junho de 2014

Eu queria esclarecer um grande mal entendido: a incansável busca das mulheres não é pelo cara perfeito. É pela reciprocidade. E a grande batalha não é contra os homens ou contra as supostas adversárias. É contra nós mesmas. Batalha bruta, guerra sangrenta e com muitos corpos pelo chão. O desânimo do "É sério? Não consigo querer ele nem um pouquinho? É realmente sério que eu tô fazendo isso de novo?" e o cansaço escapa em forma de suspiro. Colocar um cara maravilhoso na Friendzone dói mais na gente do que em vocês, podem acreditar. É uma sensação de impotência misturada com sadomasoquismo. É sentir milhões de tapas na cara, vindos de mim mesma. Por muitas vezes, eu fechei os olhos e desejei com todas as minhas forças que a minha pele reagisse. Que o beijo se encaixasse e o olhar me tirasse o chão. Eu fiz força pra querer, fiz força pra gostar, fiz força e fiz força. E quando abria os olhos era sempre a mesma coisa: vontade de ir embora e uma culpa que me embrulhava o estômago, por violentar os sentimentos. Assim como, por incontáveis vezes também, eu lutei pra sufocar cada poro do meu corpo, que gritava, pedia e implorava pelo corpo de gente que já chegou na minha vida me explicando, com uma maquete, que era encrenca e ia me fazer sofrer. Eu sei lá, tem gente que entranha na gente. E gente que o nosso corpo estranha. Expulsa. Mas aí é questão de organismo, você entende? Ou você gosta de alho ou não gosta. Não interessa se faz bem pra saúde, cabelo, pele, evita câncer, deixa imortal... Se você gosta, é maravilhoso e tempera tudo. Eu, como não gosto, tenho ânsia de vômito. E, se enfiar garganta abaixo, eu boto pra fora. Evito. E friso: mais por eles do que por mim. Ninguém merece ser vomitado assim.

Marcella Fernanda


Nenhum comentário:

Postar um comentário